sexta-feira, 27 de abril de 2012

Quanto vale ouvir sua voz?

(Para Afrânio)


Quanto vale ouvir sua voz?

Voz que esquenta

Tal qual vestimenta,

Que move águas

Como numa tormenta

Que nunca foi complemento,

Mas meu mais doce alimento.



Quanto vale ouvir sua voz?

Mesmo que seja por um instante

E que não passe de uma consoante

Vale um sorriso, um abraço, um olhar...

Vale todos os sons que existem

Vale cada segundo de vida

Vale o céu, a terra, o mar

Vale tanto embora pareça pouco

Porque grande é a vontade de amar...



Cristina Ferber

quinta-feira, 19 de abril de 2012

CORREIO



19 de abril.
O ano?
2012.
Abri a porta.
No chão,
Pacote fechado
De cor laranja,
Selado,
Endereçado
À mim!
Enviado pelo poeta amigo.
Ao todo
Trinta e dois poemas,
Dezessete contos,
Nove crônicas
De pessoas
Que deram asas ao seu talento,
E juntos
Criaram a valiosa obra...
Liberdade!


Cristina Ferber

sábado, 14 de abril de 2012

A ARTE DE SER FELIZ



A arte de ser feliz
Passa longe de pensar em si mesmo
De imaginar que todos são inimigos
E construir muralhas a esmo.


A arte se ser feliz
Não tem olhos para a cobiça
E nem deseja que o outro
Simplesmente fraqueje e desista.


A arte de ser feliz
Não se ocupa de comentários abafados
Nem menospreza os amigos
Fazendo-os pequenos e pouco amados.


A arte de ser feliz
Te espera no atelier das virtudes
Onde a leveza e o encantamento
Colorem de honra suas atitudes.


Cristina Ferber

terça-feira, 10 de abril de 2012

JULGAR OU AMAR?

Quem somos,
Para julgar?
Gente comum,
Do mesmo barro,
Que um dia a terra
Sem pedir licença
Irá levar.
Mas ainda assim,
Precipitados, julgamos.
E não nos preocupamos
Com o mal
Que poderá causar.
Julgamos, tiramos o valor,
Apontamos em riste
O dedo acusador
Julgamos levianamente,
Sem precedentes,
Julgamos covardemente,
Só pelo gosto de julgar.



Cristina Ferber

domingo, 8 de abril de 2012

LAMA


(Poesia de Rogério de Freitas, a quem pedi autorização para postar em meu blog, link abaixo, uma vez que compartilho da mesma impressão: lama por todos os lados... Talvez vocês compartilhem também. Um grande abraço!)




Lama!
Intempestiva:
Que invade
os gabinetes,
dos planos,
do planalto,
central.
Não sazonal
Amoral.



Lama!                                  
Que invade
as cidades,
as casas,
os bares,
os prédios
barrocos,
barracos.

Lama!
Obscura.
Opaca.
Não toma
ciência
da trama,
de quem
se deita
na sombra.


Lama!
Que afoga.
Sufoca.
Apavora.
Assola.
Que leva
embora.
Assombra!


Lama!
Lama!
Lama!
Lamentável!
Lama!




sexta-feira, 6 de abril de 2012

PENSANDO NO PESEACH




Quero liberdade                 
Não quero algemas
Quero distância
Da alienação do sistema



Sistema que mente
Persegue, incomoda
Abandona os fracos
Negligencia e poda


Quero justiça,
Igualdade, autonomia
E que os políticos
Se envergonhem da hipocrisia


Quero honra,
Expectativa, solução
Quero discernimento
E menos ostentação


Quero compaixão,
Clemência, sensatez
Quero o mundo
Com menos estupidez!


Cristina Ferber



quinta-feira, 5 de abril de 2012

GUERREIRO MENINO

(Em homenagem a Gonzaguinha)

Le visage couvert

Masquer votre douleur

Les yeux affligés

Vous cherchez l'amour

Ajoelha cansado
Guerreiro Menino
Triste e assustado
Com a rudeza
Do destino.



O rosto coberto
Esconde a sua dor
Os olhos aflitos
Procuram amor.


Te tomo em meus braços,
Te afago com carinho
Seu corpo
É o meu corpo
Minha alma
Seu caminho.


E amanhã, 
Seu coração descansado
De tanta loucura e dor
Baterá com mais fé...
E lutará,
Com o mesmo amor.



Nunca desista, Guerreiro Menino!


Cristina Ferber















http://youtu.be/TzsWHmecuW0

segunda-feira, 2 de abril de 2012

CAPITU

(coupable qui séduit, mais les fleurs ne nous séduire?)

Culpada porque seduz, 

Mas não nos seduzem as flores?

Culpada por envolver,

Mas não nos envolve a luz,

Até o ponto de arder?

Culpada pelo olhar profundo,

E não é profundo o universo,

Que abriga o nosso mundo?

Enfim, culpada por ser mulher,

E reunir em sua tão delicada forma,

A coragem,

A audácia

E o prazer,

De buscar dentro da vida,

O que lhe possa satisfazer.

Culpado não seriam os ciúmes,

Daquele que tem medo de perder,

Mesmo que seja  por um vislumbre,

A idéia de ser dono de outro Ser?



Cristina Ferber