terça-feira, 1 de maio de 2012

Coração de vagalume (Coeur de luciole)


Usando palavras

Nos mostramos ao mundo

Chegamos ao outro

E o tocamos profundo

Brincamos com elas

Criamos estratagemas

Fazemos metáforas

E lindos poemas...

Há palavras que ferem

E outras que aliviam

Umas são flechas

Outras são carinhos...

Cactos ou rosas

Urtigas ou jasmim

No nosso universo

Temos um imenso jardim

Então se um dia

Não puder escolhê-las

Talvez pela pressa

Ou por não conhecê-las

Fique em silêncio

Apenas sinta o perfume

E se deixe guiar

Pelo coração do vagalume.

Um dia te conto

Como é esse coração...

Por hora apenas demonstre

Sem palavras...

A sua mais genuína afeição!

Cristina Ferber

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Quanto vale ouvir sua voz?

(Para Afrânio)


Quanto vale ouvir sua voz?

Voz que esquenta

Tal qual vestimenta,

Que move águas

Como numa tormenta

Que nunca foi complemento,

Mas meu mais doce alimento.



Quanto vale ouvir sua voz?

Mesmo que seja por um instante

E que não passe de uma consoante

Vale um sorriso, um abraço, um olhar...

Vale todos os sons que existem

Vale cada segundo de vida

Vale o céu, a terra, o mar

Vale tanto embora pareça pouco

Porque grande é a vontade de amar...



Cristina Ferber

quinta-feira, 19 de abril de 2012

CORREIO



19 de abril.
O ano?
2012.
Abri a porta.
No chão,
Pacote fechado
De cor laranja,
Selado,
Endereçado
À mim!
Enviado pelo poeta amigo.
Ao todo
Trinta e dois poemas,
Dezessete contos,
Nove crônicas
De pessoas
Que deram asas ao seu talento,
E juntos
Criaram a valiosa obra...
Liberdade!


Cristina Ferber

sábado, 14 de abril de 2012

A ARTE DE SER FELIZ



A arte de ser feliz
Passa longe de pensar em si mesmo
De imaginar que todos são inimigos
E construir muralhas a esmo.


A arte se ser feliz
Não tem olhos para a cobiça
E nem deseja que o outro
Simplesmente fraqueje e desista.


A arte de ser feliz
Não se ocupa de comentários abafados
Nem menospreza os amigos
Fazendo-os pequenos e pouco amados.


A arte de ser feliz
Te espera no atelier das virtudes
Onde a leveza e o encantamento
Colorem de honra suas atitudes.


Cristina Ferber

terça-feira, 10 de abril de 2012

JULGAR OU AMAR?

Quem somos,
Para julgar?
Gente comum,
Do mesmo barro,
Que um dia a terra
Sem pedir licença
Irá levar.
Mas ainda assim,
Precipitados, julgamos.
E não nos preocupamos
Com o mal
Que poderá causar.
Julgamos, tiramos o valor,
Apontamos em riste
O dedo acusador
Julgamos levianamente,
Sem precedentes,
Julgamos covardemente,
Só pelo gosto de julgar.



Cristina Ferber

domingo, 8 de abril de 2012

LAMA


(Poesia de Rogério de Freitas, a quem pedi autorização para postar em meu blog, link abaixo, uma vez que compartilho da mesma impressão: lama por todos os lados... Talvez vocês compartilhem também. Um grande abraço!)




Lama!
Intempestiva:
Que invade
os gabinetes,
dos planos,
do planalto,
central.
Não sazonal
Amoral.



Lama!                                  
Que invade
as cidades,
as casas,
os bares,
os prédios
barrocos,
barracos.

Lama!
Obscura.
Opaca.
Não toma
ciência
da trama,
de quem
se deita
na sombra.


Lama!
Que afoga.
Sufoca.
Apavora.
Assola.
Que leva
embora.
Assombra!


Lama!
Lama!
Lama!
Lamentável!
Lama!